PENTHOUSE

O Filho do Diabo

1- A VIDA

Enquanto eu estiver dentro do círculo estarei seguro.

Eu já estava cansado de olhar ao redor e ver o amor acontecendo, todos meus colegas de classe se pegando e nada acontecia comigo.
Último ano da escola. 17 anos. Nenhum beijo ou amor. As vezes sinto que mereço isso. O estranho da escola, o garoto bruxa. Sim garoto bruxa! Apelido que ganhei no primeiro ano.
Bem eu só tenho um amigo aqui na escola, porém meio que ele me deixa sozinho às vezes. Aliais meu nome é ? . Sou baixo, magrinho e tenho cabelos escuros cacheados.
Eu gosto da minha aparência. Realmente não me sinto incomodado com as piadas que recebo na escola. As vezes eu fecho os olhos e imagino a cabeça deles explodindo. Cruel ? Talvez.
Outra coisa, eu pratico a arte, com toda a certeza eu pratico a magia. Como eu perdi meus pais cedo passei a viver com meus avós. Eu por influência da minha avó comecei a ler e comemorar os festivais sazonais pagãos.
Como eu não tinha quase nada, eu trabalhava em uma empresa como aprendiz, lá eu era praticamente o faz tudo. Entregava documentos pegava documentos. Era assim q era minha vida.
No último ano da escola eu me sentia sozinho e abandonado. Sem ninguém, sem alguém. E minhas únicas alegrias era me masturbar de noite ouvindo minha músicas repressivas.
Na bruxaria existe um termo para pessoas que praticam a arte sozinho sem um coven. Bruxa solitária. Eu me enquadro nisso. Vivo em uma cidade grande e não tenho 100% de contato com a natureza.
As vezes eu vou no parque e abro o círculo, fico estudando por horas e horas. Porém as coisas não são mais tão fáceis. Eu moro de favor na casa da minha avó, estou no último ano da escola. Eu tive que arrumar um emprego.
Eu tenho um professor muito querido, ele me indicou para trabalhar como um auxiliar aprendiz faz tudo. Sim eu faço tudo no meu novo emprego na StarTech, ou apenas Star.
Todos os dias depois da escola eu ia para o centro da cidade, entrava no prédio da Star com meu fone de ouvido e via o tempo passar. Era um desperdício de tempo. Eu queria mesmo ficar estudando a arte. Porém eu precisava de dinheiro.
A escola não era um lugar fácil. Na realidade o mundo não estava fácil, estávamos vivendo um momento político delicado e as pessoas estavam mais críticas em relação a ideologia partidária. Havia um candidato homofóbico e religioso que estava fazendo a cabeça dos jovens.
Na minha escola, o zagueiro do time Arthur não me deixava quieto. Eu parei de fazer educação física por conta dele e sua turma, eles eram riquinhos e Vivian importunando o pessoal. Eles se acham os maiorais apenas por serem grandes e fortinhos.
Era desconfortante conviver com essas pessoas na escola. Todos os dias piadinhas como, bruxinha. Viado. Gay. Eu realmente queria fazer algo mas não conseguia. O que eu realmente fiz foi me afastar. Inclusive da malditas educação física.
Até que hoje na segunda-feira eu estava indo para o vestiário depois das aulas, eu precisava tomar banho para ir para o trabalho. E o Arthur e seus amigos estavam lá.
Arthur debochado com os amigos disse.
- Olha só quem chegou aqui no território dos machos. A putinha gótica.
Os amigos dele riram e debocham de mim. Eu realmente me senti ameaçado. O que eu fiz? Pedi para eles pagarem. Até que Arthur me empurrou.
Ele saiu dizendo.
-Não queremos gays nessa escola sua bicha!
Eu fiquei chorando no vestiário, sozinho. Me perguntando porque a vida foi tão injusta comigo. Seria muito mais fácil se eu tivesse apoio ou se eu fosse igual ao Arthur.

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